segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Opinião e Notícia

Esse é o título de publicação online de qualidade que encontrei por acaso ao fazer algumas pesquisas no Google. Posso estar me precipitando, mas investi umas boas duas horas no site e gostei do que li. Particularmente, porque, como promete o título, os editores emitem opiniões. E, para provar o que eu digo (acerca da qualidade desse novo portal), vinculo ao link desse post a matéria "Medicina personalizada está chegando". Vale a pena ler e explorar alguns links
interessantes que estão lá listados. Claro que há um certo exagero no conteúdo (não do jornalista, mas exagero dos fatos: pessoalmente, fiquei com a impressão daquela situação de "uma tecnologia em busca de uma aplicação"), mas facilita alguns devaneios acerca do que nos reserva o futuro próximo. Boa leitura!

domingo, 16 de dezembro de 2007

Carbamazepina e origem asiática

Entre meus "Favoritos" desse blog está o link para o FDA. Pois a Agência americana anuncia na página principal de seu site (o link está vinculado ao título desse post) nova recomendação, desta vez a de vincular teste para detecção do HLA-B*1502 em pacientes de origem asiática que tiverem indicação de prescrição de carbamazepina (no Brasil, o medicamento de referência é o Tegretol, da Novartis). Isso porque reações cutâneas graves (epidermólise tóxica e Síndrome de Stevens-Johnson) ocorrem com freqüência de 1 a 6 para cada 10.000 novos tratamentos após algum tempo de uso desse anticonvulsivante. Todavia, em pacientes portadores daquele alelo (quase sempre em pessoas de origem asiática, estima-se que sua prevalência possa atingir 10-15% dos pacientes em certas regiões da China, Tailândia, Malásia, Indonésia, Filipinas e Taiwan), esse risco pode ser até 10 vezes maior. Nesse caso a recomendação do FDA, agora expressa na bula do medicamento, é a de não utilizar a carbamazepina como droga de primeira escolha.

Em resumo, segundo o FDA, se houver indicação de emprego da carbamazepina em paciente de origem asiática, a sugestão é primeiro saber se ele é portados do HLA-B*1502. Em caso afirmativo, o melhor é pensar em droga alternativa.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Deu no Farmacia.com.pt

O sítio Farmacia.com.pt, de Portugal, noticiou quase em tempo real a informação divulgada pela agência americana FDA acerca da alteração na bula da Varfarina. No link acima, a versão original, em português.

Personalized medicine slowly taking shape

Recomendo a leitura do artigo acima, publicado online pela Reuters em 15/11. Retrata uma visão realista - ou bem informada! - acerca da lenta e progressiva influência que informações genéticas terão em nossas vidas. Fica claro que, se hoje ainda temos exemplos específicos de aplicação clínica, o mesmo não poderá ser dito em futuro breve (opinião pessoal), haja vista a vultosa soma de vários bilhões de dólares que tem sido investida na área pelo segmento farmacêutico. E também acho que um dos maiores obstáculos será a mudança da cultura médica, de práticas baseadas em tentativa e erro dirigidas a todos (especialmente no que se refere à terapêutica) para a individualização da prescrição.
Boa leitura!

sábado, 24 de novembro de 2007

Farmacogenética e Anticoagulação Oral

É bem conhecido que o emprego de varfarina e agentes similares, antagonistas da vitamina K (AVK), representam medida eficaz para controlar, de maneira eficiente e pouco onerosa o nível de anticoagulação de pacientes que apresentam essa indicação. Igualmente simples é o monitoramento dos efeitos terapêuticos dos AVK, realizado por meio da aferição do tempo de protrombina (TP) em amostra de sangue periférico. Entretanto, os AVK também se caracterizam pela proximidade entre a dose terapêutica (que mantém o paciente adequada e eficazmente anticoagulado) e a dose tóxica (que traz riscos de complicações hemorrágicas), tornando a diversidade de dose administrada a cada um dos doentes um fenômeno relativamente comum, algumas vezes com variações na dosagem semanal de 20 vezes ou mais entre diferentes pacientes. Há situações menos freqüentes em que o clínico encontra grande dificuldade de anticoagulação efetiva de seu paciente (aferida pelo TP), com o risco de exposição desses doentes por tempo excessivamente longo a níveis sub-ótimos de anticoagulação. Esse fato ocorre com a situação não menos indesejável da anticoagulação excessiva dos doentes, freqüentemente causada por sensibilidade aumentada ao medicamento, acarretando riscos hemorrágicos. De fato, segundo dados do FDA (Food and Drug Administration) americano, a varfarina é a segunda droga cujas complicações mais levam os doentes ao pronto-socorro (a insulina ocupa a primeira posição). Esse panorama faz com que estratégias que possam auxiliar na previsão dos efeitos terapêuticos e tóxicos da varfarina sejam muito bem vindas.

A Farmacogenética, ciência que estuda características constitucionais que influenciam de maneira significativa os efeitos dos medicamentos nos indivíduos, vem trazendo gradativamente dados mais convincentes acerca do seu papel em medicina personalizada, adequando escolha de drogas e de regimes terapêuticos para cada indivíduo. Algumas drogas de uso mais restrito, como irinotecan e mercaptopurina, antineoplásicos indicados para câncer de cólon, já são prescritas mediante informações farmacogenéticas do paciente, analisando os genes UGT1A1 (UDP glucuronosiltransferase 1A1) e TPMT (mutação -1639G>A do gene tiopurina metiltransferase) previamente à escolha do regime terapêutico. Recentemente um passo significativo foi dado em relação à popularização dos testes em farmacogenética, a partir da publicação oficial, em 16 de agosto de 2007 pelo FDA, do alerta de que o conhecimento farmacogenético pode contribuir para a escolha da dose inicial de varfarina em pacientes com indicação de anticoagulação oral (http://www.fda.gov/bbs/topics/NEWS/2007/NEW01684.html). Conhecendo-se os polimorfismos de dois genes, CYP2C9 (variantes alélicas *2 e *3 do gene 2C9 da superfamília do citocromo P450) e VKORC1 (vitamina K complexo 2,3 epóxido redutase) é possível estimar-se a dose inicial de varfarina administrada aos pacientes. A Agência foi cautelosa ao não indicar formalmente a análise genética, mas apenas sugerir seus benefícios. Acredita-se que fatores como a não disponibilidade universal dos testes, além do seu custo moderadamente elevado possam ter influenciado nessa decisão. Entretanto, algumas semanas depois, a mesma agência americana registrou para comercialização no mercado americano kit diagnóstico da empresa Nanosphere Inc., para essa mesma condição clínica.

É quase que análise consensual que foi iniciada uma era de aplicação clínica em larga escala do conhecimento em Farmacogenética em anticoagulação oral.


Referências:

1. Food and Drug Administration. New labeling information for warfarin (marketed as Coumadin). August 16, 2007. Available at: http://www.fda.gov/cder/drug/infopage/warfarin/default.htm.
2. Food and Drug Administration. FDA approves updated warfarin (Coumadin) prescribing information [press release]. August 16, 2007. Available at: http://www.fda.gov/bbs/topics/NEWS/2007/NEW01684.html.
3. WARF GENO. Arup Laboratories. Available at http://www.aruplab.com/guides/ug/tests/0051370.htm.