quarta-feira, 12 de março de 2008

Novos dados de estudo prospectivo apontam para utilidade de análises genétcas na anticoagulação oral

O link do título desta matéria aponta para o trabalho original de pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Vanderbilt, em Nasville (EUA), publicado no último dia 6 de março (2008) que, em estudo prospectivo, avaliaram a resposta à administração do anticoagulante oral varfarina mediante o conhecimento das informações genéticas de dois genes: CYP2C9 (envolvido com a eliminação da droga em circulação) e VKORC1 responsável pela reciclagem da vitamina K reduzida e essencial para a transcarboxilação dos fatores da coagulação vitamina K-dependentes (II, VII, IX e X). 297 pacientes com diversas indicações médicas para anticoagulação oral foram incluídos no estudo e os pesquisadores observaram que o genótipo de VKORC1 apresentou forte associação com o tempo necessário para que o paciente apresentasse INR (international normalized ratio; razão do tempo de protrombina do paciente em relação ao controle, considerando-se a atividade – “potência”- do reagente tromboplastina, empregado no teste que avalia o tempo de protrombina) dentro da faixa de anticoagulação desejada. Em outras palavras, o genótipo A/A de VKORC1 foi associado com anticoagulação mais precoce e com maior possibilidade de anticoagulação excessiva (definida como INR acima de 4). O resultado de CYP2C9, no entanto, não mostrou associação com o tempo necessário para adequada anticoagulação, mas esteve associado com o período de tempo necessário para o primeiro INR acima de 4. Embora as variantes genéticas pesquisadas não mostrassem associação com episódios de sangramento (o que pode ser devido ao ainda pequeno número de pacientes analisados) houve ligação entre o resultado dos testes genéticos e a dose de varfarina utilizada após as primeiras duas semanas de anticoagulação oral.

Farmacogenética é uma área em amadurecimento, processo que tem sido acelerado fortemente nos últimos meses, com maior número de dados científicos sendo acumulados, além da influência crescente das agências reguladoras, particularmente o FDA (veja em “post” anterior neste mesmo blog). As dúvidas e controvérsias que porventura existirem não devem e não podem, no entanto, fazer de nós meros expectadores de um processo atual e efervescente. Certamente, já há espaço para as primeiras iniciativas nas quais os testes genéticos podem contribuir para o algoritmo de decisão do clínico. Aliás, como tudo na medicina, um diagnóstico ou uma conduta médica freqüentemente não devem ser baseados unicamente em um único dado (laboratorial, clínico ou epidemiológico), sob pena de incorrerem-se em equívocos.

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